domingo, 10 de janeiro de 2010

O julgamento

O julgamento


Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco... Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia: - “Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?”.


O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo. Numa manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia se reuniu e disseram: - “Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vende-lo. Que desgraça!”.


O velho disse: - “Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato, o resto é julgamento. Se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei, porque este é apenas julgamento. Quem pode saber o que vai se seguir?


As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele era um pouco louco. Mas, quinze dias, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.


Novamente, as pessoas se reuniram e disseram:- Velho, você estava certo. Não se trata de uma desgraça, na verdade provou ser uma benção.


O velho disse: - “Vocês estão se adiantando mais uma vez. Apenas digam que o cavalo está de volta... quem sabe se é uma benção ou não? Este é apenas um fragmento. Você lê uma única palavra de uma sentença – como pode julgar todo o livro?”.


Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente sabiam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo...


O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas. As pessoas se reuniram, mais uma vez, julgaram. Elas disseram: -“Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas e na sua velhice ele seria seu único amparo. Agora, você mais pobre do que nunca.”.


O velho disse: - “Vocês estão obcecados por julgamento. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas.


Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma benção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado.”


Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra e todos os jovens da aldeia foram convocados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois se recuperava das fraturas. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se, porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Elas vieram até o velho e disseram: - “Você tinha


razão, velho – aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos filhos foram-se para sempre.”


O velho disse: -“Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Mas somente Deus sabe se isso é uma benção ou uma desgraça.”


Não julgue, porque dessa maneira jamais se tornará um com a totalidade. Você ficará obcecado com fragmentos, pulará para as conclusões a partir de coisas pequenas. Quando você julga, você deixa de crescer.


Julgamento significa um estado mental estagnado. E a mente deseja julgar, porque estar em processo é sempre arriscado e desconfortável. Na verdade, a jornada nunca chega ao fim. Um caminho termina e o outro começa: uma porta se fecha, outra se abre. Você atinge um pico, sempre existirá um pico mais alto.


Aqueles que não julgam estão satisfeitos simplesmente em viver o momento presente e de nele crescer... Somente eles são capazes de caminhar com Deus.


Autor Desconhecido

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